Pelo que percebi, trabalhar aqui na Australia eh so por indicaçao! Ja mudei meu curriculo umas 15 vezes, melhorei o visual, pus foto e dei uma caprichada nas mentirinhas pra mostrar alguma experiencia em funçoes que nunca atuei, como garçon, cozinheiro… e as vezes que trabalhei aqui foi por indicaçao de amigos.
O primeiro, como garçon, foi pela Luciana. E nessa sexta (16.05), como CLEANER em um cassino, indicado por meu amigo colombiano, Carlos, que estuda na minha escola. Os dois trabalhos sao chamados CASUAIS, pois nao tem dia certo: voce recebe uma ligaçao e eh chamado pra trabalhar naquele dia, sem vinculo empregaticio, geralmente em vesperas de feriado ou fins de semana, quando aumenta a clientela.
De acordo com Carlos, minhas atribuiçoes seriam 4: recolher os copos que ficavam entre as maquinas de jogo, limpar o local com um pano, ajeitar a posiçao das cadeiras e colocar papel higienico nos banheiros quando faltar. Ganharia $15 por hora e meu shift (turno) seria das 16h ate meia-noite, portanto $120 num so dia! Aceitei na mesma hora, porque alem de ser um bom dinheiro, era a chance de compensar o fato de eu nao ter sido chamado pra trabalhar no Vivaz Restaurant como garçon nesse sabado, pois como eu falei, o emprego eh casual e neste caso nao havia demanda no dia.
Pois bem, como o cassino ficava em Parramatta (bairro afastado 45min (de trem) do centro de Sydney) tive que sair voando da escola, passar em casa pra me arrumar, pegar um onibus pra estaçao e por fim, pegar o trem, pra quando chegar em Parramatta pegar um taxi pra ir ao cassino, pois eu nao tinha ideia em onde estaria.
Chegando la, no Parramatta Leagues Club, me deparei com um lugar enorme, composto pelo clube, 2 estadios (naturalmente de futebol americano ou rugby - esporte tipico australiano) e pelo cassino. Dai liguei pra Katerine, uma colombiana amiga do Carlos, que estava trabalhando la naquele dia e que me entregou o uniforme de cleaner e perguntou se eu ja tinha trabalhado na area alguma vez. Eu, como nao sou besta, disse: " Claro, Katerine, claro!" Isto porque Carlos tinha me dito o que eu teria que fazer, mas na verdade descobri que ser cleaner eh ser responsavel por toda a limpeza do local, incluindo jogar fora o lixo dos tambores e trazer um vazio, fazer manutençao de limpeza nos banheiros a cada 1h, limpando os espelhos e as pias com um determinado spray, dando descarga nos vasos, repondo papel higienico, trocando toalha de mao (que eh complicadissimo, pois eh tipo um tecido - ver foto) e por fim borrifar "bom ar" no banheiro. Eh mole ou quer mais? Quer mais? Vamos la: ainda tinha que atender o chamado de bip dos supervisores no "pager" (ver foto), um aparelhinho que exibia um numero de contato de um dos supervisores, ao qual tinha que retornar e dirigir-se ate um telefone e discar o numero que aparecia no visor, mostrando-se disponivel para resolver algum probleminha que surgisse, como um copo quebrado na sala 3 do segundo andar ou mesmo trocar a droga da toalha de mao num dos 5 banheiros do cassino! Vai-te pra la... nunca trabalhei tanto na vida!
Ainda bem que a equipe de cleaners eh muito gente boa. Sao todos colombianos (nao sei porque) e me ensinaram todo o processo com muita paciencia e disposiçao, facilitando o aprendizado porque a gente so se falava em espanhol. Queria registrar tudo: a equipe, as maquinas.... mas soube que eh proibido tirar foto em cassino.
As pessoas mais uma vez se mostraram simpaticas quando eu ia recolher os copos e embalagens de salgadinhos e biscoitos que eles deixavam do lado de cada maquina. O ambiente era prazeroso de se trabalhar, era maquina que nunca tinha visto, enorme e cheia de luzinhas. Tambem fiquei besta com o vicio do povo. Vi um senhor com um "bolo" de notas de $50 pra torrar no jogo. Na maquina ao lado, uma idosa de uns 80 anos jogando numa alegria louca; pode acreditar! Olhei pra ela e pensei em dizer: "Vai pra casa fazer sopa pros teus netos, cria vergonha!" kkkk
Bom! Tive meia hora de descanso e pedi no bar uma porçao de batata frita, pois tudo era caro. Terminado o trabalho, a meia noite, peguei minhas coisas e procurei Elizabeth, colega de trabalho, que me acompanhou na portaria pra assinar a saida e receber o dinheiro.
Eis que veio a bomba: o dinheiro eh creditado na sua conta 15 dias depois! Eu nem conta tinha, porque tem que ser em banco australiano. Eh facil abrir conta aqui, mas eu nunca tinha ligado pra isso, pois achei que era como no restaurante, em que se pagava no final.
Eu sai mais liso que pau-de-sebo! So tinha $5 na carteira e algumas moedas. Ai Elizabeth me levou ate a saida do clube e me ensinou como chegar a estaçao caminhando, pois nao tinha como pegar taxi naquela situaçao. Entao sai tamanha meia noite e meia pelas ruas tentando seguir o caminho dito por ela que, naquele momento, segui mesmo foi minha intuiçao. Mas gente, eu nao estava com medo de sair sozinho num bairro desconhecido, ser assaltado... porque aqui na Australia nao tem isso, voce nem cogita isso. Minhas preocupaçoes eram outras: se eu ia chegar a tempo de pegar o ultimo trem, que seria 1h da manha e se eu ia chegar em casa pra dormir; era so isso que queria! Pra completar, o celular tava sem credito e sem bateria, ou seja, nao tinha nem como pedir ajuda, caso acontecesse alguma coisa.
Enfim... pedi a Deus pra me guiar e consegui chegar a estaçao a tempo de pegar o ultimo trem. Meia hora depois ele para numa estaçao que nao era a do meu destino, todas as poucas pessoas sairam e eu la esperando que o trem continuasse a rota. Achando estranho, pus a cara fora e perguntei pra uma mulher que passava se o trem nao continuaria. Ela disse que era a parada final! Nossa!
Mas graças a Deus a mulher, que era da Indonesia, foi super simpatica e foi comigo ate a parada pra pegar um onibus que me levasse onde eu achava que o trem ia parar. No caminho eu perguntei a ela: "Voce acredita em Deus?" "Acredito" - disse ela. Entao eu disse: "Voce sabia que ele te enviou pra me ajudar?"... e ela riu concordando.
Depois disso tudo deu certo. Peguei o onibus, desci na parada onde passava o meu, comprei um lanche no Mcdonalds e quando olho na parada, la se estava o onibus que vai pra casa, ja no ponto de sair. Comecei a correr feito louco, mesmo estando cansado e esgotado do trabalho. Ainda encontrei a Luciana no onibus, que vinha do trabalho dela, e tirei uma foto pra mostrar a minha cara de cansaço e pra comemorar minha sorte!
Vai ter sufoco assim pra la!
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